Vacina contra dengue 100% nacional começará a chegar ao SUS com 3,9 milhões de doses
Contrato entre Ministério da Saúde e o Instituto Butantan amplia capacidade de resposta do país no enfrentamento à doença
Começam a chegar no sistema público de imunização do país, no início de janeiro de 2026, as primeiras doses da vacina contra a dengue a produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo. A distribuição ocorre após o Ministério da Saúde (MS) ter assinado dias atrás o contrato para a aquisição das primeiras doses, um total de 3,9 milhões de unidades. O primeiro imunizante de dose única do mundo, com produção 100% nacional, será ofertado exclusivamente pelo SUS.
Com o acordo, serão investidos R$ 368 milhões no fornecimento inicial das 3,9 milhões de doses do imunizante à rede pública. As doses serão destinadas prioritariamente aos profissionais da Atenção Primária à Saúde de todo o país, que atuam na linha de frente do SUS. Estão incluídos agentes comunitários de saúde, agentes de combate às endemias, enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos que realizam visitas domiciliares
Com a chegada das doses no primeiro mês do ano, o MS adotará estratégia de vacinação para avaliar o impacto do imunizante na dinâmica populacional da dengue. Para isso, será realizada uma ação de aceleração da vacinação em dois municípios-piloto: Botucatu (SP) e Maranguape (CE). Nessas localidades, o público-alvo será composto por adolescentes e adultos de 15 a 59 anos. Uma terceira cidade, Nova Lima (MG), também poderá integrar a estratégia.
O público prioritário para a vacina foi definido após reunião técnica com especialistas da área. Por ser de dose única e contar com esquema vacinal simples, o imunizante facilita a adesão e garante maior eficácia em menos tempo, ampliando a proteção da população. O registro para a produção foi concedido pela Anvisa em 8 de dezembro, e a assinatura do contrato representa um marco para a saúde pública do país e para o enfrentamento da dengue.
Parceria internacional
A vacinação da população em geral começa com o aumento da produção de doses, a partir de uma parceria estratégica entre Brasil e China, com a transferência da tecnologia nacional desenvolvida pelo Instituto Butantan para a empresa chinesa WuXi Vaccines. Com essa cooperação, a produção da vacina nacional poderá aumentar em até 30 vezes.
O início da estratégia será pelos adultos a partir de 59 anos, com ampliação gradual para faixas etárias mais jovens, até alcançar o público de 15 anos. A vacina apresenta 74,7% de eficácia contra a dengue sintomática em pessoas de 12 a 59 anos, além de 89% de proteção contra formas graves e com sinais de alarme.
Produção nacional e transferência de tecnologia
O desenvolvimento da vacina contra a dengue recebeu investimento de R$ 130 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de aportes permanentes do Ministério da Saúde, que destina mais de R$ 10 bilhões anuais para o fortalecimento de laboratórios públicos e da produção nacional de imunizantes estratégicos para o SUS. Com a vacina da dengue e parceria com a China, esse investimento deve chegar a R$ 15 bilhões.
Estão previstos mais de R$ 1,2 bilhão para a ampliação da capacidade produtiva do Instituto Butantan, incluindo a infraestrutura necessária para a fabricação da vacina contra a dengue. O SUS também oferece a vacina contra a dengue do laboratório japonês, indicada para adolescentes de 10 a 14 anos e aplicada em duas doses. Desde a incorporação, em 2024, 7,4 milhões de doses já foram aplicadas. Entre 2024 e 2025, foram 11,1 milhões de doses distribuídas e 7,8 milhões aplicadas.
*Cenário epidemiológico*
Em 2025, o Brasil registrou redução de 75% nos casos prováveis de dengue e de 72% nos óbitos, em comparação com 2024. Apesar do avanço, o combate ao Aedes aegypti e a manutenção das ações de prevenção seguem sendo fundamentais.
Em novembro, o Ministério da Saúde lançou a campanha nacional “Não dê chance para dengue, zika e chikungunya”, voltada à prevenção das arboviroses e ainda em andamento. O enfrentamento dessas doenças exige ação conjunta entre governo e sociedade. Entre as principais medidas de prevenção estão:
• Uso de telas em janelas e repelentes em áreas de transmissão reconhecida;
• Remoção de recipientes que possam se tornar criadouros;
• Vedação de reservatórios e caixas d’água;
• Limpeza de calhas, lajes e ralos;
• Adesão e apoio às ações de prevenção e controle realizadas pelos profissionais do SUS.

