Recuperação de áreas degradadas avança na Estação Ecológica de Guaxindiba

Recuperação de áreas degradadas avança na Estação Ecológica de Guaxindiba

Última área expressiva de Mata de Tabuleiro em território fluminense é beneficiada com reflorestamento em parceria com o Porto do Açu

Por Edson Cordeiro

Avança dentro do planejamento, o Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) na Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba (EEEG), no município de São Francisco de Itabapoana (SFI), no Norte Fluminense, em terras desapropriadas no entorno. Com área total de 3.260 hectares e floresta intacta ocupando 1.260 hectares de Mata Atlântica do tipo conhecido como “Mata de Tabuleiros”, ou “Floresta de Tabuleiros”, a previsão é de que sejam replantados, ao final do projeto, mais 535 hectares com espécies nativas.

Administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), a EEEG é hoje, devido ao seu tamanho e grande variedades de espécies, o remanescente mais significativo desse tipo de floresta em território fluminense. Por décadas, a área foi sugestivamente conhecida como “Mata do Carvão”, devido à principal finalidade à qual foi destinada por muitos anos de exploração. A estimativa é que a mata original possuía em torno de 10 mil hectares.

“Esse projeto de reflorestamento em terras desapropriadas pelo INEA é de grande importância. Estamos atingindo o objetivo, que é o de recuperar as áreas anteriormente ocupadas com agricultura, pecuária e produção de carvão, devolvendo ao seu formato original, pelo menos em parte, de uma floresta hoje reconhecida como patrimônio da Biosfera da Mata Atlântica. Os estudos com as espécies vegetais deste remanescente podem nos ajudar a obter melhores estratégias de conservação ambiental”, afirma a gestora da EEEG, Vânia Coelho.

Atualmente, dos 535 hectares totais previstos no projeto para replantio, 110 hectares deverão ser executados até o final de 2025, somados a mais 3,58 hectares a título de “impactos gerados por supressão”. Ao todo, são utilizadas no replantio um total de 32 espécies prioritárias para o reflorestamento, dentre elas as raras Peroba-de-campos (Paratecoma peroba), Jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra) e Pau-ferro (Libidibia férrea). E além das 32 prioritárias, outras 71 “recomendadas”.

“O replantio está sendo realizado através de uma compensação ambiental do Porto do Açu, de São João da Barra, pela empresa LLX Minas-Rio Logística Comercial Exportadora S.A., representada pela Ferroport. Foi contratada uma empresa de produção de mudas e consultoria ambiental. A EEEG solicitou à empresa contratada para o reflorestamento que empregasse nos trabalhos, produtores rurais moradores do entorno da unidade de conservação”, explicou Vânia Coelho.

Inicialmente compradas de empresas de fora, hoje as mudas são produzidas por uma empresa instalada na área rural do próprio município. As mudas vêm de sementes coletadas de árvores da própria reserva, com autorização do INEA. “É fundamental que as mudas sejam de matrizes da região e do ecossistema da ‘Mata de Tabuleiro’. Pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) acompanham todo o processo de reflorestamento EEEG”, acrescenta a gestora.

Criada por decreto estadual em dezembro de 2002, a EEEG tem como principal objetivo a preservação e conservação da natureza e serve a atividades de pesquisas, científicas e educativas. Como unidade de proteção integral, nasceu de movimento que mobilizou até mesmo a comunidade internacional. Com clima quente e úmido, sem inverno pronunciado, apresenta influência marinha e estação chuvosa no verão, como ocorre com as demais matas do mesmo tipo, ao longo do litoral, entre o Rio de Janeiro e o Maranhão.

Além de variadas espécies vegetais raras, muitas ameaçadas de extinção, abriga também fauna diversa, entre mamíferos, como o cachorro-do-mato (Cerdocyon Thous) e a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus); muitas aves, como o Papagaio-Chauá (Amazona rhodocorytha) e o cabeça-encarnada (Pipra rubrocapilla); diversos répteis, como o Jacaré-do-papo-amarelo (Broad-snouted caiman), anfíbios e insetos, além do diplópodo (Rhinocricus padbergi), do mesmo gênero do gongolo, endêmico da unidade (encontrado somente no local).