Eike Batista capta recursos para investir em ‘super cana’’ no Norte Fluminense

Eike Batista capta recursos para investir em ‘super cana’’ no Norte Fluminense

Empresário busca implantar primeiro módulo do projeto em Quissamã e usar o Porto do Açu para exportar etanol

O empresário Eike Batista fechou a captação de US$ 500 milhões com o fundo de infraestrutura estruturado pelo megaempresário Mário Garnero, tendo como investidores o Abu Dhabi Investment Group (ADIG), dos Emirados Árabes, e o próprio Garnero. Os recursos serão destinados à aquisição e operação do primeiro módulo do projeto da ‘super cana’ de Eike Batista, em 70 mil hectares de terras no Norte Fluminense, onde a cana será plantada. E utilizar o Porto do Açu, em São João da Barra, para exportação do etanol para aviação a ser produzido no módulo em Quissamã.

“É uma planta com fotossíntese turbinada. Ela produz até três vezes mais etanol por hectare e até 12 vezes mais biomassa. É uma revolução semelhante à que ocorreu no Brasil com papel e celulose, quando todos utilizavam o pinheiro, que levava 20 anos para crescer, e trocaram pelo eucalipto, que se desenvolve em apenas sete anos”, explicou Eike Batista a um canal de TV.

Segundo pesquisas, a expectativa é que o módulo tenha capacidade de produzir 1 bilhão de litros de etanol por ano e mais 1 milhão de toneladas de biomassa quando estiver 100% operacional. O negócio foi avaliado em US$ 1,6 bilhão por Garnero, dono do Banco Brasilinvest, conhecido por seu trânsito internacional. O fundo vai ficar com 40% do módulo, em troca da injeção de capital. A produção de SAF para a Emirates é o que desperta o interesse do fundo de Abu Dhabi.

A chamada ‘super cana de Eike Batista’ vem sendo desenvolvida por parceiros, enquanto Eike, na realidade, funciona como consultor, com futura participação nos ativos. A ‘super cana’ promete revolucionar o agronegócio brasileiro, podendo produzir três vezes mais etanol e 12 vezes mais biomassa que a cana-de-açúcar tradicional. Ela teria aplicações na produção de etanol, do combustível sustentável de aviação (SAF) e em embalagens feitas a partir do bagaço, substituindo o plástico de petróleo.

A ‘super cana’ será no município de Quissamã, no norte Fluminense, localização estratégica devido à proximidade com o Porto do Açu, em São João da Barra. Maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com mais de 650 milhões de toneladas por ano, o Brasil é, no entanto, o segundo maior produtor de etanol, atrás dos Estados Unidos, que utiliza o milho no processo.

“A produtividade dessa cana permite que o preço do etanol fique literalmente o mesmo do querosene de aviação. Não vai haver disputa. Vão usar o combustível limpo”, afirmou Eike Batista.

*Token para financiar projeto* – Ao mesmo tempo, terras no Brasil e uma planta na Flórida (EUA) estão inclusas no segundo módulo de produção, para beneficiar a biomassa, e será financiado com o lançamento de um token que leva o nome do empresário: $EIKE. “Fui pioneiro, em 2006, com o IPO da MMX e seis outros IPOs. Dessa vez, vamos ser pioneiros no mundo com o initial coin offering (ICO) de um token, espécie de ativo de mercado digital, lastreado em um ativo real e com uma escala enorme,” promete Eike Batista.

A venda dos tokens $EIKE será feita inicialmente aos investidores dos EUA, com objetivo de vender 100 milhões tokens a US$ 1 cada, levantando US$ 100 milhões. Além disso, os detentores do token terão direito a receber 10% dos lucros futuros do projeto. Eike Batista também afirmou que os fundadores do token terão um lock-up de quatro anos para poder negociar o ativo. Segundo ele, o prazo considera necessário para que o empreendimento dê lucro.

O plano do empresário brasileiro é desenvolver um número indeterminado de módulos, cada um iniciando com o plantio de 50 hectares no primeiro ano, outros 1.000 hectares no segundo e 20.000 no terceiro. “No quarto ano, já esperamos que cada módulo esteja gerando caixa e tenha um EBITDA de US$ 5,9 bilhões,” concluiu Eike Batista.