De eólica a fertilizantes: Porto do Açu planeja investir R$ 20 bi em transição energética

De eólica a fertilizantes: Porto do Açu planeja investir R$ 20 bi em transição energética

O complexo tem três milhões de metros quadrados de sua área reservados para projetos de hidrogênio verde destinados à produção de e-metanol, amônia verde e combustível sustentável de aviação

O Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), planeja investir R$ 20 bilhões em transição energética nos próximos quatro anos, e já tem contratos com sete empresas neste sentido, disse na última segunda (28) o CEO da Prumo Logística, Rogério Zampronha.

“Nos próximos quatro anos, vamos transformar o Açu no porto da transição energética. Serão R$ 20 bilhões em novos investimentos que irão colocar o Rio de Janeiro e o Brasil na liderança dos investimentos em transição energética”, afirmou o executivo.

“Esse processo já começou. Já temos sete empresas que assinaram contratos vinculantes conosco para instalar operações aqui no Brasil”, completou.

O anúncio ocorreu durante a cerimônia de inauguração da usina termelétrica (UTE) GNA II, no Açu, controlado pela Prumo.

O evento contou com a presença do presidente Lula (PT), dizendo que o Brasil pode ser “imbatível” na transição energética — embora discurso e prática estejam ligeiramente desalinhados e o presidente também seja um simpático à exploração de novas fronteiras de petróleo.

Com investimento de R$ 7 bilhões, a UTE integra o maior complexo de geração a gás natural da América Latina, com 3 GW de capacidade instalada, respondendo por cerca de 10% da geração a gás da matriz elétrica nacional.

Embora seja alimentada por um combustível fóssil, a usina foi projetada para operar com até 50% de hidrogênio, podendo aproveitar, no futuro, a produção de molécula renovável no Açu.

O porto tem três milhões de metros quadrados de sua área reservados para projetos de hidrogênio verde destinados à produção de e-metanol, amônia verde e combustível sustentável de aviação (SAF).

De eólica offshore a fertilizantes verdes

Eólica offshore, hidrogênio de baixo carbono, combustíveis sustentáveis para aviões e navios, além de fertilizantes e outras commodities com carimbo “verde” estão na mira da Prumo, que busca atrair esses negócios para se instalar no Açu.

Só no caso das eólicas no mar — que aguarda definição de regras para o primeiro leilão de áreas — o porto já soma mais de 38 GW em projetos com pedidos de licenciamento no Ibama.

“Temos aqui na frente do porto uma das melhores condições de vento para introduzir as eólicas offshore na nossa matriz energética, tornando ainda mais renovável do que já é”, discursou Zampronha nesta segunda.

“E a partir do hidrogênio verde iremos produzir fertilizantes para o agronegócio brasileiro e combustíveis limpos para descarbonizar a aviação e o setor marítimo”, listou.

Segundo o executivo, na última semana, o Conselho Nacional de Fertilizantes (Confert) aprovou a inclusão do hub de hidrogênio do Açu na carteira de projetos energéticos.

O órgão criado pelo governo federal é responsável por revisar e implementar as diretrizes e ações do Plano Nacional de Fertilizantes, buscando reduzir a dependência externa do Brasil do insumo que hoje é majoritariamente importado.

Já o hidrogênio verde é visto como estratégico para reduzir essa dependência, substituindo o gás natural na produção.

Outra potencial commodity verde é o aço. Prumo e Vale estudam um mega hub para produção de ferro-esponja (HBI), utilizando hidrogênio verde, como parte de sua cadeia de descarbonização do aço.

O projeto integra a Plataforma de Investimentos em Transformação Climática e Ecológica do Brasil (BIP) e foi selecionado pelo governo brasileiro para captar US$ 2,5 bilhões internacionalmente.

*Fonte: Portal Eixos